quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

E a história começa!

"How're u stranger?" e um abraço sentido e cheio de saudade. Preferia algo em português, mas não te culpo... O inglês é a tua língua materna, não te sentes bem com a minha. A minha língua , o meu eu, o meu estar em casa. Lembro-me quando cheguei a Paris e tinha a Sophie à minha espera, não uma pessoa impessoal, não um fato escuro, não alguém com cara sisuda mas sim uma cara conhecida, uma saudação em português, crianças felizes por me verem, dois meninos adoráveis que quase me fizeram cair ao chão com os seus abraços. Fez-me perceber que estamos ligados de mais ao que nos faz crescer, àquilo com que lidamos toda a vida, ao nosso Fado...
Foi um alívio ver-te, ali à minha espera, quando saí estavas de costas, fiquei um segundo a admirar-te, a ver os teus tiques nervosos... Nunca tinha reparado na forma como mexes o anel enquanto esperas, na maneira como a tua cara fica tensa, mais velha mas mais atraente. E de repente vês-me e abre-se um sorriso (um não, dois, o meu e o teu), que me diz tudo... Não fosse a confusão das chegadas e talvez tudo acontecesse cedo de mais...
Para quem conhece a porta das chegadas do aeroporto Sá Carneiro, sabe que a confusão se gera simplesmente porque quem vira-se para um lado e quem aguarda tem tendência a virar-se para o outro. Carrinhos cheios de malas, pessoas que chegam com mais do que o que levaram (inclusive eu), mais um contratempo, mais uns segundos de atraso no reencontro... Vou andando e olhando para ti, para o teu andar tão característico e finalmente percebo o porquê das saudades, o porquê de te ter pedido para me vires buscar, não foi para surpreender ninguém, foi simplesmente porque nestes 2 meses te tornaste mais importante do que aquilo que eu pensava e sentia quando daqui sai.
(...)

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